O coração daquela inocente jovem palpitava incessantemente, com muita voracidade.
O demônio a perseguia durante horas, mas agora ela já não ouvia o arrastar das correntes arrebentadas.
A luz que entrava pelas frestas da janela que ainda não estavam cobertas pela madeira, começava a ofuscar, ficava alaranjada e indicava o crepúsculo do dia.
Após alguns minutos apenas procurando por algum sinal do demônio, a garota decide sair.
A porta estava logo a frente, e com o alívio, surgiu a incerteza da porta estar aberta, e daquilo tudo não passar de uma armadilha.
O celular, que estava no bolso de trás da calça jeans, não mostrava sinal de torre, o que a deixava mais apavorada, além de não saber em que lugar estava, em um confim sem sinal de rede.
Seus outros amigos não deram mais sinal de vida, ela apenas ouvia vozes de alguns espíritos que escaparam pelo portal da tábua de ourija, após a última reunião na casa de seu namorado.
Ela pensou que estava no litoral, por ouvir barulhos de ondas quebrando, mas a praia mais perto de sua cidade ficava há mais de dois dias de vigem de carro, e seria impossível ela estar descordada por tanto tempo, não seria?
O cheiro de naftalina era quase insuportável, e vários insetos percorriam pelas paredes e chão.
Um gato apareceu de repente, e se aproximou lentamente da menina.
Os olhos de felino brilharam, e apenas gritos abafados foram as últimas reações da jovem garota.
O vizinho da garota estava enchendo a piscina com um balde de água, pois a mangueira havia sido emprestada.
Os pais da garota chegaram em casa, e acharam o quarto dela vazio, com o computador ligado e a internet conectada em uma página de lendas urbanas.
Na sala, um tabuleiro de ourija e umas velas estavam sobre a mesa de centro.
De baixo da cama da garota, algumas roupas estavam espalhadas, e pedras de naftalina estavam sobre elas.
Você sabe que existe algo sobrenatural na vida de todas as pessoas, inclusive na sua.
Nunca mexa com o que esta quieto, quem procura acha.
O seu medo de infância sempre tem um fundo de verdade, e o que está de baixo da sua cama pode ser um monstro que foi criado em seus sonhos, e ficou adormecido apenas esperando uma oportunidade de sair do seu subconciente.
Estar no segundo andar, não significa estar seguro.
Lembre-se de que você nunca está sozinho.
Nunca.
Não Mexa Com o Que Está Quieto...
Coisas Sobre Mim Mesma e o Muundo
Thays Adaghinari Fontana
@thaysfontana_